SAÚDE MENTAL NA DOENÇA RENAL CRÔNICA

Ainda hoje, é muito comum o preconceito com os diferentes tipos de tratamento psicológico, com base na crença errônea de que esse é necessário apenas em casos de transtornos mentais mais graves, ou que cada pessoa deve ser capaz de lidar sozinha com seus sentimentos e problemas.

O processo terapêutico tem como objetivo ampliar o campo perceptivo do paciente, contribuindo para que ele adquira uma visão de mundo mais abrangente. Dessa forma, é possível melhorar nosso relacionamento conosco e com aqueles que nos cercam; compreender nossos sentimentos; evitar brigas, discussões e problemas desnecessários; melhorar a autoestima; e garantir a eficácia do tratamento de outras condições, tais como a DRC. O atendimento psicológico é especialmente importante nesse momento de pandemia, no qual há uma ansiedade ainda maior sobre a incerteza do que o futuro e o destino esperam de nós.


O PACIENTE

É comum que a pessoa diagnosticada com DRC apresente sentimentos como ansiedade, medo, raiva, insegurança e culpa. Isso é normal e faz parte do processo de aceitação, uma vez que a doença vem acompanhada da necessidade de grandes mudanças. Porém, se tais sentimentos não forem reconhecidos e tratados adequadamente, persistindo por muito tempo, podem levar a um desgaste emocional intenso e se transformar em raiva e hostilidade com os cuidadores, afetando também a família do paciente, os amigos, a equipe e a própria eficácia do tratamento.

Cada pessoa tem sua própria história, com aspirações, desejos, deveres, e lida com as situações de forma única e pessoal. E o acompanhamento psicológico é essencial para que ela entenda que, mesmo com as mudanças que estão ocorrendo ou ainda vão ocorrer em sua vida, é possível continuar vivendo de forma prazerosa e interessante.

É muito importante também que o paciente esteja corretamente informado sobre as diversas etapas do tratamento e sobre seu próprio estado físico, para que não carregue ainda mais medos e incertezas. Por isso, ao invés de realizar buscas em fontes pouco seguras e que podem conter informações falsas, é preferível conversar com a equipe responsável pelo tratamento, explicando suas dúvidas e inseguranças, e deixar que eles o expliquem corretamente a situação e o tranquilizem acerca do necessário.


A FAMÍLIA, OS AMIGOS E OS CUIDADORES

A família do paciente com doença renal também pode se beneficiar do apoio psicológico, visto que os cuidadores e as pessoas próximas a ele podem se sentir sobrecarregados, principalmente quando o grau de dependência do paciente é maior. Também podem ocorrer mudanças bruscas na rotina familiar, criando sentimentos como estresse, ansiedade e solidão.

Por isso, pode ser interessante frequentar grupos de apoio, com pessoas em situações similares, que entendem essas sensações e criam um espaço confortável para expressar livremente sentimentos e dores.

A presença da família e dos amigos no processo da doença é essencial para fortalecer o doente nos momentos difíceis e delicados, além de estar presente para comemorar as alegrias e os sucessos. Assim, é possível criar uma rede de apoio e suporte, garantindo que o corpo e a mente do paciente estejam em sintonia.


DICAS

Algumas dicas que podem ajudar tanto os pacientes quanto seus familiares a encararem o tratamento com mais leveza são:

    • Manter pessoas amadas por perto.
    • Criar uma rotina compatível com a nova realidade, incluindo atividades prazerosas e momentos de lazer.
    • Manter hobbies/passatempos - como música, artes, artesanato, trabalhos manuais, jogos, esportes e caminhadas - e estudar áreas que se considere interessantes, para que a vida não se limite ao diagnóstico da doença e à inércia.
    • Garantir a qualidade do sono e do descanso, com o hábito de dormir e acordar no mesmo horário e evitar sonecas ao longo do dia. Assim, é possível garantir que o corpo esteja pronto para um novo dia.

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